segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Escassez.

 Por Gilson Silva de Lima


José Willian estava sentado sobre um velho coqueiro, olhava a água azul do mar, as montanhas de areia, algumas pedras gigantes. Mas, seus semblantes demonstravam seriedade, tão sérios que chegavam a colocar medo. Em vez em quando seus olhos ficavam entristecidos que nem mesmo as belas areias da praia os animavam. Entre tanto desanimo José Willian ouviu um grito, um berro que o fez sorrir.

- Pai, papai, paizinho, paizão, papai do meu coração! Ele explodiu em lágrimas e sorrisos, era seu filho Willian Silva. Abraços, beijos, enfim amores. Depois das caricias o menino perguntou ao seu pai porque o havia deixado brincando sozinho sobre a areia de montar castelo. José Willian novamente sentou-se sobre o velho coqueiro, colocou seu filho no colo e começou a explicar.  Disse ao menino que havia saído para passar um tempo sozinho refletindo sobre o passado e o presente.

Pediu ao seu filho que prestasse atenção e começou a explicar que em seu tempo as pessoas tinham mais amor umas com as outras. Havia mais fartura, tudo era tão mais fácil.

- Agora, século XXI o mundo está de cabeça para baixo.  Tudo é tão difícil! Para trabalhar: concurso se quiser um estrumo para fazer um canteiro, é comprado... Simplificando, tudo é capitalismo selvagem. A ordem é o dinheiro primeiro, Deus “esquecido”. A ganância sufoca o amor. E o homem faz guerra por tudo. É só ligar a televisão e ouvir os noticiários. É escassez de água, de petróleo, de saúde, de educação, de “tudo”. Então, parou por alguns segundos olhou para seu filho e percebeu que ele não estava entendendo nada. Com a voz lenta disse a Willian Silva:

- Por isso eu saí e deixei você meu filho: para meditar um pouco. Sei que você só tem 11 anos e eu já tenho 52. Agora você não entendeu, mas um dia irá entender o que eu digo. Preocupo-me como será sua futura geração diante de tanta escassez e catástrofes no meio de tanto desamor.