Por Gilson Silva de Lima
José Willian estava sentado sobre
um velho coqueiro, olhava a água azul do mar, as montanhas de areia, algumas
pedras gigantes. Mas, seus semblantes demonstravam seriedade, tão sérios que
chegavam a colocar medo. Em vez em quando seus olhos ficavam entristecidos que
nem mesmo as belas areias da praia os animavam. Entre tanto desanimo José
Willian ouviu um grito, um berro que o fez sorrir.
- Pai, papai, paizinho, paizão,
papai do meu coração! Ele explodiu em lágrimas e sorrisos, era seu filho
Willian Silva. Abraços, beijos, enfim amores. Depois das caricias o menino
perguntou ao seu pai porque o havia deixado brincando sozinho sobre a areia de
montar castelo. José Willian novamente sentou-se sobre o velho coqueiro,
colocou seu filho no colo e começou a explicar. Disse ao menino que havia
saído para passar um tempo sozinho refletindo sobre o passado e o presente.
Pediu ao seu filho que prestasse
atenção e começou a explicar que em seu tempo as pessoas tinham mais amor umas
com as outras. Havia mais fartura, tudo era tão mais fácil.
- Agora, século XXI o mundo está
de cabeça para baixo. Tudo é tão difícil! Para trabalhar: concurso se
quiser um estrumo para fazer um canteiro, é comprado... Simplificando, tudo é
capitalismo selvagem. A ordem é o dinheiro primeiro, Deus “esquecido”. A
ganância sufoca o amor. E o homem faz guerra por tudo. É só ligar a televisão e
ouvir os noticiários. É escassez de água, de petróleo, de saúde, de educação,
de “tudo”. Então, parou por alguns segundos olhou para seu filho e percebeu que
ele não estava entendendo nada. Com a voz lenta disse a Willian Silva:
- Por isso eu saí e deixei você
meu filho: para meditar um pouco. Sei que você só tem 11 anos e eu já tenho 52.
Agora você não entendeu, mas um dia irá entender o que eu digo. Preocupo-me
como será sua futura geração diante de tanta escassez e catástrofes no meio de
tanto desamor.